REFUGIADO

No Dia Mundial do Refugiado, Paulo Matos apresenta um espetáculo de teatro constru\u00eddo a partir do relato de um homem que foge do seu pa\u00eds de origem, onde a vida se tornou um inferno, para procurar um futuro poss\u00edvel noutro lugar. O ator\/refugiado, s\u00f3 em cena e no seu destino, carregando o desespero e o desejo da fuga, quer passar, quer chegar ao outro lado da terra, do mar, da fronteira e da vida. Entre ele e o espa\u00e7o sonhado, um mundo de barreiras quase intranspon\u00edveis. Ele revive e relata-nos o caminho, o trajeto, o pr\u00f3prio ato de caminhar, viajar, atravessar, na esperan\u00e7a de uma sobreviv\u00eancia e de uma chegada \u00e0 \u201ccidade do mundo rico\u201d, para \u201corecome\u00e7o de uma vida nova\u201d. A viagem \u00e9 tanto exterior, no confronto com todos os perigos e todas as lutas, como tamb\u00e9m interior, dentro do que o personagem sente, reflete e experimenta. O texto fala-nos dos dilemas interiores, do sofrimento, do rompimento operado com o lugar de origem e da sua rela\u00e7\u00e3o com Deus, \u201cesse eterno ausente\u201d. Refugiado, m\u00e1rtir do seu destino involunt\u00e1rio e da sua fuga volunt\u00e1ria, declama a sua dor interior, rude e cortante como uma navalha de ca\u00e7ador. Eleva-se \u00e0 nossa frente como um crucificado, sobe na cena, nos ares, no espa\u00e7o do teatro e do nosso olhar, para nos acusar. Este Refugiado n\u00e3o \u00e9 somente algu\u00e9m, ele \u00e9 todos n\u00f3s.