O irmão siamês do Fernando Pessoa

Em O Irmão Siamês do Fernando Pessoa, o público não encontra Fernando Pessoa em palco — encontra Álvaro de Campos. Não como simples heterónimo, mas como entidade plena, independente, um “irmão siamês” literário que nasceu do poeta, mas que sempre se sentiu separado, diferente e irrepetível. Neste monólogo, Campos fala de si, das suas angústias, das suas máquinas internas, do seu olhar feroz sobre o mundo e do desconforto de existir dentro e fora de Pessoa. A peça, construída a partir de textos de Fernando Pessoa e Júlio Corrêa, coloca-nos frente a frente com uma figura que se afirma não como Pessoa, mas como alguém que reclama a própria respiração, a própria alma e o próprio ritmo emocional. Humor ácido, lucidez, exaustão, sensibilidade e vertigem convivem num espetáculo que ilumina a complexidade de Campos e o seu eterno conflito entre pertencer ao poeta e ser irrevogavelmente outro. Não é Fernando Pessoa que sobe ao palco. É Álvaro de Campos — inteiro, vivo e singular.”