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Dona Pura e os camaradas de Abril

João Branco

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Drama
Maiores de 12
90 minutos

Sinopse

Como se constrói uma conversa entre um Capitão Ambrósio e uma Grândola Vila Morena? A essência do que é ser-se crioulo, no contexto mais cabo-verdiano que poderia haver, facilmente se entende com esta questão e resolve-a com a mesma naturalidade com que Cabo Verde, ao longo da sua história, se foi apropriando de forma quase descarada de múltiplas referências nas mais diversas geografias e foi moldando a sua matriz identitária, num processo que nunca chegará ao fim da estrada. Talvez o resultado mais preciso para sintetizar este espetáculo numa questão temática seja o seguinte: “Poderá um único evento estabelecer valores como a liberdade e a justiça?” A nossa resposta dramática é um rotundo “não” Como o explicita a nossa Pura: “As revoluções são, por definição, eventos extraordinários e todo o evento extraordinário tende a ser seguido pela regressão ao corriqueiro. Logo que se acalme a agitação das águas, quem esteve no topo da pirâmide do poder já lhe conhece as escadas”. No texto original, Germano Almeida ilustra-o no pensamento e na voz de outra mulher - Susana:” [...] poucos anos após o 25 de Abril, as forças do grande capital, que ou eram fascistas ou tinham apoiado o regime fascista, estavam de novo no poder [...]” Liberdade e justiça parecem ser o topo de um declive escorregadio. Não existe possibilidade de repouso no topo do declive - apenas o progressivo regredir para a base do abismo sempre que se para de avançar para o topo. O teatro - o tipo de teatro que escolhemos abraçar - representa esta voz que, neste tempo “de gritos, gritadores e muitos pontos de exclamação”, fala aos que adormecem no declive, aos que, embalados no conforto, se esquecem de nadar, para que a liberdade não morra a mais ridícula das mortes. Um teatro que abraça as “cíclicas oportunidades de se encontrar Abril ou de se ser Ambrósio”. Se não for hoje, amanhã nos desforraremos.

Ficha Técnica

Encenação
João Branco
Texto
Caplan Neves

Informação Técnica

Interpretação | Manuel Estêvão, Matísia Rocha, Pedro Lamares e Sócrates Napoleão Direção Musical | Sócrates Napoleão Cenografia | João Branco Figurinos | Janaina Alves Desenho de Luz | César Fortes Produção | Joaquim Madail e Janaina Alves Design Gráfico | Nuno Miranda e João Branco Fotografia | Pedro Sardinha (FITEI) Apoio à Residência de Escrita | Associação Caboverdiana de Lisboa Apoio à Residência de Criação | CRL Central Eléctrica Apoio à Criação de Figurinos e Cenografia | Teatro do Noroeste / CDV Difusão e promoção | Companhia Nacional de Espetáculos Apoios | DGArtes – Direção Geral das Artes e Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de abril