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A ASCENSÃO DE ARTURO UI

Bruno Martins

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Drama
Maiores de 12
120 minutos

Sinopse

“Arturo Ui? Hoje? Aqui?” Bertolt Brecht escreveu A Resistível Ascensão de Arturo Ui (1941) no contexto da escalada do nazismo na Alemanha. O encenador Bruno Martins leva à cena esta parábola num tempo de degradação dos valores morais e do discurso político. Brecht traça um paralelo entre as ascensões do protagonista ao mundo da máfia americana e de Hitler, a coberto da retórica e da alienação coletiva. “É precisamente pelas coisas sérias que a sátira se interessa”, dizia. As estratégias são antigas, os seus instrumentos diversificam-se. Nesta adaptação, Ui e o seu gangue são um espelho da violência, xenofobia e intolerância que infetam os nossos mundos físico e virtual. A Ascensão de Arturo Ui revela-se pertinente face à atual reconfiguração do sistema político português. De forma subtil pergunta: e se toda a ação da peça acontecesse na nossa casa da democracia? A recente história do mundo tem revelado incríveis semelhanças com um passado sombrio. As estratégias são antigas, alteraram-se os instrumentos para a contemporaneidade. Os projetos autoritários que têm emergido um pouco por todo o mundo não se tornaram menos perigosos que a máfia. Eles encontraram um lugar mediático disposto a ouvi-los e a normalizar os seus discursos de ódio. Olhemos para dentro das nossas fronteiras e para a mais refinada demagogia com assento parlamentar. Arturo Ui é uma personagem facilmente reconhecível na nossa paisagem política. O seu gangue de mafiosos são personagens muito presentes nas redes sociais, nas mensagens privadas de ódio, nas caixas de comentários dos órgãos de comunicação social, tantas vezes replicadas nas conversas de mesa de café. Entretanto, a reconfiguração do sistema político está já em curso e a extrema-direita apresenta-se como terceira força política no panorama nacional. Os discursos de ódio proliferam e os reacionários saem da toca disputando um lugar ao sol.

Ficha Técnica

Data de Estreia
09/11/2023
Encenação
Bruno Martins
Texto
Bertolt Brecht
Companhia
Teatro da Didascália